O poeta italiano Cesare Pavese (1908 - 1950) e o ofício de viver. Escreveu: “Não nos lembramos de dias, lembramo-nos de momentos.” Cesare Pavese foi combatente antifascista o que lhe rendeu três anos de prisão no sul da Itália. Na prisão escreveu o livro “O Ofício de Viver” ("Il Mestiere di Vivere"), reflexões sobre a sua arte, seus processos criativos e sobre o sentido da existência. Trabalhou como conselheiro do editor Giulio Einaudi, casa editorial perseguida pelo estado fascista. Suicidou-se no Hotel Roma, quarto 346, na cidade de Turim, no dia 27 de agosto de 1950, aos 41 anos de idade: “Não conseguimos livrar-nos de uma coisa evitando-a, mas apenas atravessando-a.” No poema “A morte virá e terá os teus olhos”, escreveu: “A morte virá e terá os teus olhos. Será como deixar um vício, como ver no espelho ressurgir uma face morta, como ouvir os lábios fechados. Desceremos mudos ao abismo.” A obra do poeta Cesare Pavese é triste, sofrida, solitária e dolorosa. Nela não há rupturas, cortes, sinais de liberdade e felicidade alguma. Reflexões sobre a sua arte, seus vícios: "Os momentos, nunca os dias!" Isso, talvez, explique o ofício de viver: “Não nos lembramos de dias, lembramo-nos de momentos.” Parece ser a mesma coisa, um simples jogo de palavras, mas não é. Coisas de poeta.
João Scortecci
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