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PANDEMIA DA COVID 2020

Avós e netos. Reserva ou crueldade? Dói. Das ausências de pele e suas imposições do ato do convívio. Das gerações do alfabeto e dos conflitos da clausura. Nós avós - jovens e idosos - somos os voluntários do acolhimento, do fraterno, das fraldas, das cólicas, das mamadeiras, das brincadeiras do nada, das primeiras leituras e dos sorrisos da inocência plena. Somos voluntários, sempre. Aceitamos perdas, dores e sofrimento. E o cansaço, claro. Aceitamos o menor abraço, o não colo, o não aperto, o não cheiro no cangote, o confinamento. Buscamos o avô cavalinho, o aportar das dobraduras de papel, a guarda dos lápis de colorir, os brinquedos espalhados e até o jogar-se no chão e rolar feito criança. Buscamos! Não aceitamos o distanciamento. Isso nunca! Eles podem nos matar! É o que dizem. Provavelmente sim. Não nos poupem, por favor. Nós avós somos Bombril, Brastemp e Super-heróis, sempre. Morreremos pelos filhos, morreremos pelos netos. Morreremos!

João Scortecci