Prova de vida eu sei o que é. Sou aposentado e uma vez por ano, no mês de agosto, vou até uma agencia do banco do Brasil, onde tenho conta e faço a comprovação de vida mostrando documento com foto e olhando amorosamente nos olhos do servidor atendente. Constrangedor, sempre. Sei das fraudes. E também da importância. Hoje lendo sobre “Avanço da inteligência artificial exige forma de verificação humana anônima e segura” descobri que logo vamos precisar também de “Prova de humanidade”. E que até já existe um APP que cuida do assunto. Assustador! O tal protocolo visa criar infraestrutura que permite diferenciar humanos de robôs em interações e operações digitais. Sabemos – não é novidade pra ninguém – que robôs comentam posts nas redes sociais, atendem clientes desavisados, desafiam adversários em jogos online e até respondem cartas de amor em blogs de relacionamentos. Tem de tudo. A atividade deles é intensa que chega a dominar mais da metade do fluxo da internet. O cenário é devastador. O tal APP atesta por meio da biometria da íris, prova de humanidade: segura, anônima e privada, que você é um ser humano único. Sem cópias ou fraudes. Aqui com os meus neurais: Operei de catarata, dos dois olhos, perdi as minhas íris? Dr. Google diz que não. Na cabeça imagens do filme Blade Runner - O Caçador de Androides (1982), trama de ficção científica que acontece no século 21 - já estamos nele - onde uma corporação desenvolve clones humanos - identificados como Replicantes - para serem usados como escravos em colônias fora da Terra. Um grupo de Replicantes foge e passam a viver, disfarçados, na cidade de Los Angeles. Isso tudo no futuro ano de 2019. Detalhe: Já estamos no ano de 2025. Um ex-policial cruel e desumano é então contratado para caçar os simpáticos e eficientes robôs Replicantes. Não baixei ainda o APP. Estou ainda na fase de ficar indignado com a necessidade anual de provar que ainda estou vivo. Implicância tem limite. Problema meu!
João Scortecci