Nada do sono chegar. Escafedeu-se! Uma hora ele chega e me pega de vez. Inteiro. Aprendi, desde então, a esperá-lo, no melhor da hora. Nossa relação de amor é simples: de chegada e posse, sem brevidades. Ele chega e me pega, me entrego fácil, vencido, simples assim. Apagamento espiral, sem curvas ou ladeiras. Gozo frontal, marrento, feroz. Entrego-me derrotado e feliz. Entrego-me agitado, inquieto, doído. É assim. Sempre foi assim. Pelo bico do funil viajo no espaço: de braçadas, de léguas, de mundos. O Eu etéreo espuma, navega, corre, luta, chuta, ama e explode: igual rastilho de pólvora. Exausto acordo do transe - afoito e aceso - e retorno, então, ao vivo. O sono - ainda - não existe. Leio e escrevo. Ligo o rádio e escuto o de sempre. Uma hora ele vai chegar e me levar de vez. Relação de amor e brevidades. Gozo frontal, marrento e espiral. Nada de novo: sem curvas, ladeiras e precipícios.
João Scortecci
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