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MINOTAURO, AS ASAS DE ÍCARO E A ESPADA DE TESEU

Menino de tudo – isso nos sonhos do rei Minos de Creta – pude ver de perto, pelo buraco do tempo, o monstro Minotauro, criatura com a cabeça de um touro sobre o corpo de um homem. Minotauro, filho de Pasífae, mulher do rei Minos, fruto de uma paixão proibida com o Touro Cretense. Foi o poeta Ovídio quem primeiro contou-me sobre Minotauro. Ele existe! Disse-me. E eu acreditei. Desci no silêncio escuro do labirinto até o sítio do rei Minos e lá fiquei escondido, até o dia nascer de sol e a fera rugir de fome e sair selvagem para caçar no Sítio de Cnossos. Ovídio havia me dado em seus versos um mapa do labirinto, encontrado no meio dos desenhos do arquiteto e escultor Dédalo, responsável pela construção do labirinto, desde então, morada do Touro de Minos. Mestre Dédalo, depois da construção do labirinto, foi aprisionado pelo rei Minos, junto com seu filho Ícaro. O rei o tratava muito bem, mas não o deixava ir embora, com medo que revelasse sobre o Minotauro e entregasse aos inimigos os segredos dos mais de 1300 compartimentos do labirinto. Dédalo era um escultor brilhante e talentoso. Foi ele quem esculpiu, pela primeira vez, uma estátua de olhos abertos. Naquela época todas as estátuas da Grécia antiga eram talhadas com os olhos fechados. Dédalo, então, resolveu fugir e levar junto seu filho Ícaro. Juntou penas de pássaros e as grudou umas nas outras e as colou com cera de abelha, construindo, assim, quatro asas. Duas para ele e duas para Ícaro. Antes da fuga - numa manhã de vento forte e sol incandescente – disse ao filho: "Ícaro, não voe baixo demais que a água do mar pode molhar as asas e não voe muito alto, ou o calor do sol vai derreter a cera." Os dois fugiram voando da ilha. Entusiasmado com as asas, Ícaro voou alto - na direção do sol - e a cera de abelha derreteu-se, e Ícaro, então, caiu no mar, perto de uma ilhota do mar Egeu, entre a Grécia e a Turquia, hoje de nome Icária, em sua homenagem. Com a fuga de Dédalo a notícia da existência do Minotauro - criatura com a cabeça de um touro sobre o corpo de um homem – correu o mundo. Coube a Teseu - herói ateniense, filho de Egeu e Etra – caçar o monstro. Eu estava lá. Ariadne, filha de Minos, apaixonada por Teseu, entregou-lhe no portão do labirinto a ponta de um novelo de lã, para que não se perdesse no caminho. Teseu encontrou o monstro e o matou com um único golpe com sua espada. Depois, guiado pelo fio de lã, voltou para os braços de Ariadne. Acordei do sonho de Minos de Creta, fugindo dos soldados do rei. Estava náufrago no mar Egeu e fui resgatado pelo navio de Teseu, até Atenas, onde reencontrei o espírito de Ícaro e o livro de Ovídio, escrito no exílio no mar Negro. Foi assim.

João Scortecci