15 minutos de fama e nada mais. O que significa: visibilidade midiática de curta duração relacionada a um determinado indivíduo ou fenômeno. A citação – de paternidade duvidosa – atribuída a Andy Warhol, Lima Barreto e Outros – segue na moda, criando famosos, midiáticos, heróis, por eternos 15 minutos e ponto. Depois, do nada, a fama se apaga e o esquecimento cabal toma conta de tudo. Dizem que tudo na vida é assim: “15 minutos de fama!”. O resto é dor, sofrimento e perdas. Alguns poucos - pouquíssimos - talentosos, geniais e imortais – sobrevivem, ganham corpo celeste, e se tornam, então, estrelas de luz no céu. Andy Warhol (Andrew Warhola Jr, 1928 – 1987), famoso artista visual, diretor de cinema, produtor e figura de destaque do movimento Pop Art dos anos 1960 é um deles. Hábil e inteligente. Para quem gosta do seu trabalho uma dica: inaugura no próximo dia 1º de maio, no Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo, uma exposição com 600 peças do artista. Entre elas: “The Last Supper”, releitura de “A Última Ceia”, de Leonardo Da Vinci. Imperdível. Ainda olhando para o céu, aguardando o amanhecer do dia, talvez de chuva, reencontro o escritor Lima Barreto (Afonso Henriques de Lima Barreto, 1881 - 1922), que dizem ser, de fato, o verdadeiro autor da frase “15 minutos de fama” e imortalizada por muitos no tempo. Teria escrito, em 1911: “Houve um em Niterói que teve seu quarto de hora de celebridade” e prossegue: “Chamavam-no Trinta-Réis. Os jornais do tempo ocuparam-se com ele... Um herói! Passou à revolta e foi esquecido”. O avô dos réis e dos tostões miúdos, de terno elegante de linho branco e colônia, tirou, então, do bolsinho da frente da calça do terno o relógio de corda com caixa de caçador e corrente de fio de ouro e teria dito: “Falta um quatro de hora para o dia amanhecer!”. Silêncios. Estávamos sozinhos no quintal de casa cutucando com uma vara de bambu uma graviola madura. "Pega na boca do talo e depois torce que ela cai de vez!”. Foi o que fiz. Desde então gosto das graviolas maduras e do amanhecer de todos os dias. Guardo no céu da memória relógios antigos, que marcam no coração do tempo: um quarto de hora. Marcam 15 minutos de saudade, lembranças da última ceia e da mortalidade que é a vida veloz.
João Scortecci
- Início
- Biografia
- Livros
- Críticas Literárias
- Consultoria
- Cursos e Palestras
- scortecci@gmail.com